CERI TOH

Ceri toh quer dizer Seridó na língua indígena. O historiador Câmara Cascudo escreveu que Ceri toh significa sem folhagem, pouca folhagem, pouca sombra ou cobertura vegetal, segundo Coriolano de Medeiros...Também ouvi de meu pai que significa paisagem desnuda e gosto mais dessa expressão.
Segundo os judeus significa "refúgio Dele", originada da palavra hebraica she ´eritó, assemelhando-se muito com a palavra Seridó.
De qualquer forma, esta palavra está impregnada em mim desde tempos imemoriais...

quinta-feira, 19 de agosto de 2010


Vou, talvez cansada sobremaneira, de algumas farpas menos polidas, de algum tropeço mais sangrento, gangrenado pelo tempo. Perco as linhas e os arrecifes, torço e retorço pequenos novelos guardados dentro de um baú de coisas vãs e doídas, talvez bonitas ou espaçosas demais.
Vou, guardando os passos, olhando de soslaio para o poente, pois não me interessa se desço ao sul ou se parto em três o bolo de mel que trago no bizaco, feito de tecido epitelial.
Mas vou, já lhe disse que vou. Não sei ao certo se vou chegar, se terá algum vulto secular espiando de longe, olhos secos de poeira, coração na mão... Não sei se será chegada ou uma nova partida, pois ao atingir a subida, a vista se alonga indefinidamente...
Vou, faltando alguns apetrechos para o descanso, mas levo ópio, mágoas, choro e um lençol de cobrir estrelas, linha para costurar cansaços e música para adormecer.
Vou sem voz, sem sons, sem choro, já não sou inteira, alguma coisa teria que faltar nesse solo seco.
Vou porque me prometi, vou porque preciso ir, me livrar de certas tolices, porque minha vida não é bela, não tem rosas nem gerânios, tudo é cinza, seco, murcho, não tem raiz.
Vou porque a amo mesmo assim, sem nenhum atrativo mais aparente, como a um poeta morto que nada mais espera, como a um cinto de cilício penetrando a carne, como o vento seco da estiagem varrendo o chão do terreiro ao meio-dia.
Vou com as botas e a sabotagem. Com a minha ignorância e a dificuldade de te escutar porque me fiz surda e impenetrável.
Vou, e não me siga, não me olhe, não me reconheça. Nem hoje, nem amanhã, nem nunca.
A minha desilusão é minha e só minha. Não ouse sequer me denunciar.
Vou, porque preciso me reinventar.

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